Então hoje é mais um dia de dar aquela desculpa esfarrapada pra bebemorar até morrer só porque é dia do amigo, certo?
Relembremos algumas das maiores parcerias que o Brasil já teve na música (na minha humilde opinião).
1. Nando Reis – Cássia Eller
Uma grande intérprete e um grande compositor. Na voz dela conhecemos muito do trabalho do barba ruiva que, na voz dele, era irreconhecível ou mesmo faltava o tal ‘clímax’ que Cássia acentuava em qualquer coisa que cantasse. Mesmo sem compor, ela é com certeza uma das grandes inspirações dos anos 90/2000 pra muita gente e ele, como ex-Titã e com um trabalho mais pop hoje em dia, é alguém que já tem seu nome cravado na história da música popular brasileira. Quem conheceu “O Segundo Sol”, “All Star” e “Meu Mundo Ficaria Completo (com você)” na voz dos dois sabe a diferença.
2. Tom Jobim-Vinicius de Moraes
Nem precisam apresentação. Reunidos em 1956 em ocasião da montagem da peça Orfeu da Conceição que protagonizou Haroldo Costa, trabalharam para compor de todas as maneiras possíveis na época: nas mesas dos bares, fazendo primeiro a música e depois a letra e vice-versa, compondo sobre versos, escrevendo sobre trechinhos de melodias, pelo correio. Assim deixaram para o mundo clássicos como “Chega de saudade”, “A felicidade”, “Eu sei que vou te amar” e tantas outras.
3. Nelson Cavaquinho-Guilherme de Brito
Parceria formada em 1955. Só os versos “Tire o seu sorriso do caminho que eu quero passar com a minha dor” fizeram de Guilherme um dos maiores poetas do samba e popularizaram Nelson, o autor da melodia. Juntos também assinaram “Pranto de Poeta”, “Folhas Secas” e muitas outras.
4. Chico Buarque-Francis Hime
Como o uísque, Chico Buarque é bom sozinho ou com gelo. Das várias parcerias que Chico cultivou ao longo da sua trajetória, escolho a que fez com o compositor, pianista e arranjador Francis Hime. Eles são responsáveis de peças belíssimas como “Meu Caro Amigo”, “Atrás da Porta, “Trocando em miúdos” e o clássico samba-enredo “Vai Passar”, que virou um hino da resistência na época da ditadura.
5. Moraes Moreira-Galvão
Criadores da maioria dos sucessos de Os Novos Baianos, que eles formavam com Pepeu, Baby Consuelo (depois Baby do Brasil) e Paulinho Boca de Cantor. A banda que passou o rock pela peneira do samba, vivia em comunidade e tinha todo o estilo dos roqueiros mas foi o conterráneo João Gilberto seu inesperado mentor. Entre outras, Moraes e Galvão comporam “Acabou Chorare”, “Preta Pretinha” dentre outras.
6. Humberto Teixeira-Luiz Gonzaga
O Gonzagão é uma instituição no Brasil, mas músicas como “Asa Branca”, “Juazeiro” (objeto de sucessivos plágios no exterior), “Assum Preto” e “Que nem Jiló”, entre muitas, vem acompanhadas do grande parceiro Humberto Teixeira, que ainda fez grandes obras sozinho e em outras parcerias. Teixeira e Gonzaga foram a ponta de lança do sucesso do baião e a música nordestina como resposta brasileira ao bolero que vinha de fora.
7. Frejat-Cazuza
Introduzido ao Barão Vermelho por Léo Jaime, além de vocalista, Cazuza virou autor da maioria das letras da banda, muitas em parceria com o guitarrista Frejat.Com a saída de Cazuza do Barão, Frejat confessou que ficou puto com Cazuza, pois quando o memso gravou “Eu Queria Ter uma Bomba”, os créditos foram dados apenas ao Cazuza (música de parceria dos dois). “Todo o amor que houver nessa vida”, “Só as mães são felizes”, “Ideologia” e “Pro dia nascer feliz” são da safra deles.
8. Roberto Carlos-Erasmo Carlos (foto)
Pouco a dizer que não esteja dito. Uma parceria que começou em meados da década de sessenta e deixou mais de um centenar de músicas no imaginário popular. Qual a sua preferida?
9. Noel Rosa-Vadico
Foram ao todo onze músicas em quatro anos, começando por “Feitio de oração”, estreada em 1933, quando Vadico tinha 22 anos. “Conversa de botequim”, “Pra que mentir” e “Feitiço da Vila” são outros produtos dessa sociedade da Epoca de Ouro. A criação de Noel, como é sabido, foi prolífica mas breve no tempo.
10. Arnaldo Antunes – Edgard Scandurra
Gênios contemporâneos. Só consigo pensar nessa palavra ao resumir os dois. Quando você junta o melhor guitarrista brasileiro de todos os tempos (e eleito o melhor do mundo em 1997) com um dos melhores letristas (e, pra mim, merecedor de uma cadeira na Academia Brasileira de Letras daqui uns anos) só pode dar um caldo. E que caldo!
Recentemente lançaram o primeiro álbum de parceria mesmo, “A Curva da Cintura” onde efetivaram a parceria. Não fizeram muitas apresentações e hoje com seu chatinho “Acústico MTV”, o Arnaldo leva o Edgard com apenas seu guitarrista. Sorte né? Destaco dessa parceria “Kaira”, “Consciência” e “Música para Ouvir”.
A numeração não foi proposital, foi apenas por questão de lembrança mesmo. Todos tem seus valores, seus métodos e seus estilos, mas com certeza se completam e cruzam no meio de nossos ouvidos (mesmo sem você saber).
Então, desejo ótimas parcerias e um bom amigo(a) pra dividir a cerveja, o whisky, boas lembranças e tudo o que a vida há de oferecer 😉